TEMA: CONTINUAÇÃO DO GÊNERO "RELATO DE EXPERIÊNCIA"
1.
Anote as características abaixo para
relembrar o gênero “Relato”:
- · Remete a lembranças, memórias de determinado período da vida.
- · A voz que fala no texto pode narrar as experiências vividas por outra pessoa, com mais apelo à imaginação.
- · A voz que fala no texto pode representar a voz da própria pessoa que recorda suas experiências vividas.
- · Quando contamos algo sobre a vida de outra pessoa o gênero é narrativa biográfica.
- · Quando contamos algo que aconteceu em nossa vida o gênero é relato de experiência vivida.
Lembrar as experiências vividas, especialmente as da
infância, é algo bem importante para a gente pensar sobre quem somos, refletir
sobre a importância dos lugares e das pessoas em nossa formação. Vamos conhecer
mais uma narrativa inspiradas em histórias de vida?
Copie o curto relato de Gabriela Romeu, autora do livro Terra
de Caninha, a respeito de experiências de leitura e a relação delas com seu
interesse pelo tema da infância.
TEXTO 1
Jeitos de olhar
Foi
ouvindo histórias quando menina que adentrei o universo das infâncias, outras.
As narrativas tecidas nas vozes de minha mãe e minhas tias me levaram a relatos
afetuosos de suas peripécias infantis, as histórias que rondavam seu
imaginário, as brincadeiras de pés descalços, os brinquedos costurados com
restos do quintal, as encantarias para fazer e deixar crescer. Ouvir me levava
a (vi)ver aquela infância. Foi então que fiz minha primeira
incursão etnográfica pelas infâncias.
Meus
olhos de leitora também tatearam outras infâncias. Incursionei pelos jeitos de
ser menino e menina também pelas narrativas literárias, que sempre abrem
portais de vastos mundos. Na prosa poética (e etnográfica) de Bartolomeu Campos
de Queirós, descobri um atalho para a infância de um sertão onde meninos
crescem silenciosos. O escritor mineiro, ao resgatar em sua obra suas memórias
de menino, conta um pouco do viver a infância num certo tempo, num dado
território.
Vez
ou outra volto a reler – ou (re)ver – Indez, em que o
autor conta de forma poética como vinga o menino Antônio, nascido frágil, “fora
do calendário”, cuidado no protocolo de uma puericultura sertaneja, rica
mitologia do crescimento. Antônio bebeu água do sino da igreja em dia de chuva
para aprender a falar, uma “água do céu, sonora”; engoliu piaba para enfrentar
as correntezas no nado; tinha como brinquedos os frutos caídos no chão e as
mágicas da natureza; o lugar onde se enterrava o umbigo definia o destino da
criança (se no curral, boiadeiro).
Um
olho de vidro do avô materno era a relíquia escondida desse menino que “crescia
manso”. Aquele olho nunca dormia, espiava tudo – até os medos que vazavam das
brechas da casa de adobe à noite. “Antônio imaginava o avô no céu, olhando Deus
com um olho só. O outro não dormia nem mesmo na bolsa da mãe”. A poética do
olhar permeia a obra de Bartolomeu como a metáfora da descoberta de si e do
outro – exercício fundamental de quem se dispõe a dialogar com as infâncias, a
enxergar mais do que a “casca das coisas”, assim como bem fazem as crianças.
Questões
1) Releia o texto da atividade anterior "O fotógrafo que é caninha de nascença" para fazermos uma comparação com o texto dessa atividade , "Jeitos de olhar". Observe que os textos trabalham com temáticas
parecidas, porque relatam ou narram lembranças de infâncias, de diferentes
lugares e culturas.
2) O que você achou de ter diferentes
leituras com temáticas parecidas? Por quê?
3) Sua família e amigos costumam contar
fatos de suas vidas?
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