NARRATIVA DE AVENTURA – PARTE 2
Em nossa primeira aula sobre o gênero Narrativa de aventura, pudemos
compreender melhor quais são suas características e seus elementos. Hoje
vamos dar continuidade ao nosso estudo sobre o tema em questão.
Abaixo segue a atividade proposta.
ATIVIDADE
(COPIE E RESPONDA NO CADERNO).
Leia a Narrativa de aventura a seguir e depois responda às questões ao final.
ENCONTRO DE EXTREMOS
Foi uma viagem e tanto. Mercúrio percorreu rapidamente os quase
cinco bilhões de quilômetros que o separam de Plutão. Isso sem olhar para
trás, a uma velocidade de cento e oitenta mil quilômetros por hora (eu disse
“cento e oitenta mil quilômetros por hora!”), e sem parar, nem para um
xixizinho. Foram mais de mil dias de viagem incrível através do Sistema Solar.
Ele levava na mala o que ainda era um mistério para os planetas – documentos
secretíssimos falando de coisas estranhas e perigosas que estavam
acontecendo no planeta Terra.
Assim que entrou na órbita de Plutão, Mercúrio olhou para trás. Lá
longe está o Sol. Já não lhe parecida aquele gigante em chamas que o
impressionava. Mesmo assim, era a estrela mais brilhante que ele podia ver
daquele ponto do Universo.
Você já deve ter percebido que esta é uma história de planetas. Para eles, as
coisas se passam de maneira um pouco diferente do que para nós. Por
exemplo: quando eu disse que a viagem de Mercúrio até Plutão foi rápida, quis
dizer que foi rápida para um planeta. Mais de mil dias é um tempo grande para
a gente, mas é pequeno para os planetas, pois eles podem viver bilhões de
anos.
Outra coisa diferente nesta história é que o que é mistério para os
personagens (os planetas) pode não ser mistério para nós. É possível que você
saiba quais as coisas estranhas e perigosas que se passam na Terra.
Entretanto, pode ser que não se lembre. Nesse caso, este livro há de refrescar
sua memória.
Mas voltemos a Mercúrio. Como você deve ter aprendido, trata-se do
planeta mais próximo do Sol. Por isso, os gases flamejantes1 quase encostam
nele. Lá, a temperatura é tão alta durante o dia que, se houvesse chumbo em
sua superfície, derreteria, formando rios e mares metálicos. Mas, para ser
sincero, até que Mercúrio gosta desse calorzinho. Ainda mais que, à noite, a
temperatura cai para – 170º C e ele se congela.
Nosso herói estava muito longe de casa. Fazia frio e a temperatura,
próxima de zero absoluto (que é frio mais de todos os frios), era insuportável.
Para Mercúrio, significava resfriado na certa. Acontece que o seu cargo de
mensageiro dos planetas o obriga a cumprir as mais perigosas missões, e não
seria um simples resfriado que o impediria de cumprir mais essa.
Além do mais, resfriado não é novidade. Por causa de seus dias muito
compridos e da atmosfera muito rarefeita2, que não espalha bem o calor, os
dias de Mercúrio são quentíssimos, e as noites, friíssimas. Por isso, mesmo
quando descansa em sua órbita, ele vive às voltas com febre, calafrios, nariz
escorrendo etc. Coisas que quem já teve gripe sabe como são: a gente quer
brincar, nadar ou tomar um sorvete e não pode. No caso de Mercúrio é ainda
pior, porque ele tem alergia a poeira cósmica, o que sempre vira bronquite. Aí,
só com inalação de vento solar.
― Ô de casa! A-a-atchim! – Pronto, estava resfriado. ― Ô de casa! ―
repetiu.
Nada.
“Por onde anda Plutão?”, perguntou-se.
Já que Plutão não estava, até pensou em dar uma olhada além das
fronteiras do Sistema Solar. A curiosidade era grande. Mas não se atreveu
porque lembrou do que tinha acontecido a Netuno. Se um planeta poderoso
como Netuno fora tão terrivelmente afetado, o que aconteceria a ele, o pobre
mensageiro dos planetas?
De repente, tudo escureceu. Alguém ou alguma coisa passou em frente
ao Sol provocando um eclipse total. Mercúrio entrou em pânico. Tinha que fugir
rapidamente. Mas para onde? Não via nada. Súbito3, um bafo gelado em seus
ouvidos arrepiou-lhe todos os meridianos.
― Ei, rapaz... Aonde vai com tanta pressa... Cuidado... Vê se olha por
onde anda...
Mercúrio se virou e notou um fraco mas ameaçador brilho
esbranquiçado se aproximando. Era Plutão que sorria horrivelmente,
mostrando dentes pontiagudos de metano congelado. O mensageiro tremeu
nas bases. (...)
Marcelo R. L. Oliveira, Reunião dos Planetas. Editora Companhia das Letrinhas, 2006.
Estudo do Texto
O texto “Encontro de extremos” é um conto, com narrador e personagens. Há
informações que correspondem à realidade e outras que foram recriadas pelo
autor.
1. Esse “encontro” poderia dar-se na realidade? Por quê?
2. Como é o narrador dessa história?
a) Assinale a afirmativa correta.
( ) O narrador observa o que acontece com o planeta Mercúrio sem participar
da história.
( ) O narrador é um dos personagens da história.
b) Portanto, qual o tipo de narrador dessa história?
3. “Você já deve ter percebido que esta é uma história de planetas. Para eles,
as coisas se passam de maneira um pouco diferente do que para nós.”
a) A quem o narrador se dirige neste trecho?
4. “Foi uma viagem e tanto. Mercúrio percorreu rapidamente os quase cinco
bilhões de quilômetros que o separam de Plutão. Isso sem olhar para trás, a
uma velocidade de cento e oitenta mil quilômetros por hora.”
O motivo da viagem foi:
( ) levar documentos secretos relatando coisas estranhas sobre a Terra.
( ) encontrar Plutão, planeta distante do Sol e trocar informações sobre as
temperaturas que vivenciavam..
( ) fugir dos raios flamejantes do Sol, estava buscando temperaturas mais
calmas para viver.
( ) dar uma olhada
5. Em sua opinião, quais seriam as coisas estranhas e misteriosas que se
passam na Terra? Argumente.
6. Qual a possível consequência de passar por temperaturas frias, segundo o
texto?
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